Com sucesso, Regional Abelardo Santos realiza sua primeira cirurgia para tratar escoliose idiopática

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Doença é uma alteração da coluna vertebral, representada por uma curvatura anormal para um dos lados do tronco

 

Pela primeira vez desde a sua inauguração, foi realizada, no Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS), em Belém, uma cirurgia para tratar uma escoliose idiopática juvenil em uma adolescente de 16 anos. Após 14 horas de intervenção, o procedimento foi finalizado com sucesso.  A paciente está sob os cuidados da Unidade de Terapia Intensiva e responde bem ao tratamento. Nos próximos dias, ela deve ser encaminhada à enfermaria. A cirurgia inédita dentro da unidade contou com uma equipe de 20 profissionais, entre médicos, enfermeiros e de outras áreas de atuação para garantir o melhor conforto à paciente.

 

Nos dois primeiros meses de 2022, o HRAS já realizou 421 procedimentos de média e alta complexidade dentro de seu complexo cirúrgico, incluindo a hemodinâmica. No ano passado, a unidade contabilizou 3.831. Mesmo no segundo pico da pandemia do covid-19, o Abelardo executou intervenções de urgência, suspendendo, apenas, os casos eletivos.  

 

Para o diretor executivo do Abelardo Santos, Marcos Silveira, cada cirurgia é planejada com um único objetivo: devolver a saúde dos pacientes. “Trabalhamos com vidas, e para nós, cada pessoa que ajudamos a recuperar sua qualidade de vida, seu bem-estar, sua independência, nos traz alegria no desenvolver do trabalho desempenhado pela unidade. Atuamos com uma equipe de profissionais altamente qualificados, com equipamentos de ponta e uma infraestrutura hospitalar completa, a qual nos possibilita o melhor cuidado antes, durante e depois de cada cirurgia”, observou Silveira.

 

A intervenção inédita na unidade tratou uma alteração da coluna vertebral que é representada por uma curvatura anormal para um dos lados do tronco, ocasionada pela rotação da vértebra em um dos eixos. Os casos que acometem jovens são congênitos, relacionada à estrutura óssea, o que pode determinar problemas de crescimento, posturais, estéticos e inclusive respiratórios a depender do ângulo de curvatura da coluna comprometida.

 

O diretor técnico do Abelardo Santos, Paulo Henrique Ataíde, ressalta que o procedimento foi finalizado com sucesso. “Foram 14 horas intensas, de uma equipe com mais de 20 profissionais de saúde, sob a responsabilidade do Dr. Bruno Sérgio Nascimento juntamente com Dr. José Antônio Lima, coordenador do grupo de neurocirurgia. A intervenção foi um dos poucos casos já submetidos ao tratamento desta natureza no Pará, e o primeiro no Abelardo Santos. Todos os profissionais foram incansáveis e quem ganhou com essa dedicação, foi, sem dúvida a paciente, que esta semana já deve ir à enfermaria e logo mais para sua casa”, parabenizou o médico.

 

Procedimento- A cirurgia consistiu em restabelecer o ângulo abaixo de 40 graus para ajudar a proporcionar o crescimento adequado. Porém, a paciente apresentava um ângulo de curvatura de 110 graus, situação essa que tornava o caso desafiador por necessitar de um aparato de instrumental adequado, bem como o suporte de monitorização neurofisiológica intraoperatória para correção de forma segura sem causar prejuízo a função motora da adolescente.

 

Conforme o neurocirurgião e neurorradiologista intervencionista, Eric Paschoal, a doença pode ter origem congênita ou ser causada por distúrbios neuromusculares. “Os casos congênitos são provocados pela malformação das cartilagens de crescimento das vértebras ou pela fusão das costelas (arcos costais) durante a gestação ou nos recém-nascidos. E pode ainda ter como causas os distúrbios neuromusculares, como as distrofias musculares e a paralisia cerebral”, explica o especialista.

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta, porém, que em 80% dos casos, a causa é idiopática, ou seja, a origem ainda não foi esclarecida. Os quadros clínicos mais graves podem limitar a mobilidade da coluna e reduzir o espaço do tórax que abriga os órgãos dos sistemas respiratório e cardíaco, impedindo que funcionem a contento.

 

“Os casos surgem em qualquer fase da vida por ocasião de uma predisposição genética. Mas tem maior relevância quando afeta as idades mais jovens, pois pode afetar diversos aspectos funcionais. Na fase da adolescência, os sintomas se tornam mais evidentes, acometendo mais meninas que os meninos. Importante observar que, na escoliose idiopática da adolescência, quanto mais cedo for feito o diagnóstico e iniciado o tratamento, maiores serão as possibilidades de evitar as complicações da doença”, alerta o neurocirurgião Eric Paschoal.

 

De um modo geral, o diagnóstico é evidenciado através de exames de radiologia, como raios-x de coluna e escanometria, que demonstram a assimetria de um lado ao outro. Em geral, as curvaturas que se mantém até 40 graus são aceitáveis, porém, aquelas acima desta medida passam a ter relevância com indicação de tratamento cirúrgico.

 

“Estávamos diante de um caso bastante difícil e trabalhoso, mas tivemos todo apoio da gestão administrativa para conseguirmos o suporte necessário para o sucesso do procedimento. Apesar do tratamento bastante prolongado e exaustivo por conta do número de horas, o procedimento foi considerado um sucesso devido à gravidade e à complexidade. Neste momento, a paciente encontra-se em recuperação na Unidade de Terapia Intensiva devido ao porte cirúrgico”, afirma Eric Paschoal.

 

 

“Sem o apoio contínuo da gestão administrativa do hospital, não seria possível realizar este procedimento nem tão pouco tantos outros com a mesma doença e outros de grande complexidade. O incentivo da gestão tem levado a equipe da neurocirurgia e neuroendovascular a realizar procedimentos cada vez mais complexos como tem sido feito nos últimos meses”, destacou Paschoal.

 

Infraestrutura- A coordenadora do bloco cirúrgico, Vera Nunes, destaca que por mês, a maior unidade da rede Estadual do Governo do Pará tem a média de 410 intervenções. “Essa média corresponde apenas ao complexo cirúrgico, sem contar com a obstetrícia. O HRAS conta com alta complexidade, como a hemodinâmica, onde são realizados procedimentos terapêuticos como angioplastia, drenagem e embolias. São procedimentos delicados”, enfatizou.

 

Para o secretário Estadual de Saúde Pública do Pará, Romulo Rodovalho, o Abelardo Santos é uma unidade que se diferencia pelos múltiplos serviços ofertados aos paraenses. “Na Rede Estadual do Pará, o HRAS é uma unidade que vem se destacando pelo pioneirismo de técnicas e procedimentos dentro do Estado. Mas, não é apenas sua alta complexidade que faz da unidade uma referência. Dentro da região metropolitana e de todo o Pará, o Abelardo é referência em diversos serviços, que vão desde o pronto-atendimento pediátrico às especialidades como vascular, neurologia, nefrologia, até mesmo, mantendo uma clínica de hemodiálise”, observou o titular da pasta.

 

A HRAS é uma unidade pública, gerenciada pela Organização Social Mais Saúde, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sespa). 

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